Foto Carnaval de rua no Brasil -lMario Tama/ Getty Images
A extrema-direita, ao modo da alemanha nazista, exercita como método o controle ideológico das políticas públicas culturais.
E por que estou fazendo essa comparação? Porque as políticas culturais são um termômetro da qualidade de uma experiência democrática. Não por acaso, a criação do Ministério da Cultura no Brasil, em 1985, foi um resultado direto do processo de redemocratização do país.
Historicamente, atacar o setor cultural é um dos sintomas de regimes autoritários, ou de que algo não está saudável na democracia.
Na noite de 29 de julho, a Cinemateca Brasileira, sob gestão do governo Bolsonaro pegou fogo. Uma parcela significativa da nossa memória e história foi destruída pelas chamas. O espaço abrigava imenso patrimônio nacional: o maior acervo cinematográfico da América do Sul, com cerca de 250 mil rolos de filmes e mais de 1 milhão de documentos audiovisuais, como roteiros, jornais, livros e revistas.
Há tempos a Cinemateca pedia socorro ao governo e nada foi feito. Infelizmente, uma tragédia anunciada. Ao não investir na manutenção, sustentabilidade e preservação desses espaços e acervos, o governo se tornou diretamente responsável pelo incêndio, de graves consequências para a cultura nacional.
Não foi, portanto, um acidente: tratava-se de um projeto. Além da falta de investimentos, outros indícios trouxeram à tona o viés autoritário de um governo com viés extremista e sua disposição predatória com a Cultura.
Em outra ocasião o tradicional Festival de Jazz do Capão, na Bahia, teve cancelada a autorização para captar recursos via Lei Rouanet. O parecer técnico da Funarte usou como argumento uma postagem da rede social do evento, na qual os organizadores se posicionavam contra o racismo e o fascismo. Um nítido movimento de censura do órgão governamental.
À frente de outras ações preocupantes, na época o secretário especial da Cultura, Mário Frias, que dizia publicamente que o “dirigismo cultural faz parte da função do governo e não é problema”. Por meio de decreto publicado no dia 26 de julho, o governo mudou as diretrizes da política de fomento cultural do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Na alteração, uma divisão inclui “arte sacra” e “belas artes” como categorias distintas, reforçando um viés ideológico e elitista.
Foram muitas as ações arbitrárias que o governo de Bolsonaro promoveu contra o setor cultural, foram tempos sombrios, é muito importante o posicionamento do conjunto da sociedade em defesa da Cultura, que é um direito de todas e todos, consagrado na Constituição Cidadã de 1988.
Mas podemos lembrar, por exemplo, a forma com que a Fundação Palmares, sob a direção do Sérgio Camargo, fez espécies de emulações de exposições de arte ou de acervo degenerados. Index de livros, uma seleção de obras de arte, de documentação ,que, em certa medida, estavam distante daquele modelo de arte, de sociedade, de sexualidade, de família. Não podemos tomar o evento apoteótico que ocorre no dia 8 como algo desconectado de uma construção de uma noção de sociedade, de cultura, de arte, ao longo dos últimos anos.”
No dia 08 janeiro de 2023, o desprezo pela arte e pela memória ficou escancarado. Os extremistas destruíram quadros a facadas, roubaram peças que valem milhões, depredaram móveis históricos, defecaram e urinaram nos salões dos prédios públicos e filmaram a si mesmos durante toda a ação. Os vídeos e fotos, provas da barbárie, foram publicados em redes sociais.
Devemos nos unir, instituir fóruns de resistência, articular a sociedade civil e pensar estratégias de reação e de defesa da criação, do patrimônio e da diversidade cultural. É preciso impedir que essa política de terra arrasada volte a nos assombrar, provocando outros atentados, reais e simbólicos, contra a criatividade vibrante da cultura brasileira, reconhecida e admirada em todo o mundo, porque ainda ronda por aí, alguns fantasmas com sede e sanha extremista, estão no parlamento, nos Governos de Estados e Prefeituras, nao precisamos ir longe, espaços que outrora eram reservados a Comunidade para manisfestaçoes culturais estão em ruínas e descaso pela Administraçao Pública em algumas cidades, o que prova o desprezo daqueles que flertam com o extremismo contra a cultura e arte popular.
O culto à autoridade, a uma certa forma de personalidade autoritária, traz consigo também uma ideia da construção de uma visão de mundo conspiracionista, de culto à ideia de tradição, processos e ideias de purificação de identidades, de individualidades. Então, nesse sentido, a arte, a educação, a cultura, a intelectualidade são lidas por muitos desses movimentos, dessas facetas das direitas globais mais extremadas, como elementos de degeneração de tradições, de uma ideia de masculinidade, uma ideia de sociedade, uma ideia de nacionalidade.
Por: Ana Fidelis – Editora Chefe do Portal de Noticias Jornal de Lins
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